A indústria da moda foi coroada a segunda maior poluente do mundo. Como assim?
Confeccionar uma roupa demanda o uso de água em praticamente todos os estágios da produção, incluindo embalagem e transporte.
Por exemplo, uma camiseta de algodão utiliza uma média de mais de 2 mil litros de água para ficar pronta e uma calça jeans consome cerca de 10 mil litros, além da emissão de muitos quilos de CO².
Depois que as peças ficam prontas ainda há o risco de contaminação de oceanos, rios, lagos e do solo, devido ao descarte da água utilizada para tingimento do tecido e do manejo de pesticidas para o cultivo da matéria prima. O pior de tudo é que quando as trends fashions passam muitas das roupas compradas acabam indo parar em aterros sanitários. Um dano gigante ao ecossistema.
Felizmente, muitos jovens e adolescentes têm se recusado a ceder a filosofia “use e jogue fora” vinda do fast fashion e decidiram abraçar o caminho do consumo sustentável e da moda circular através de doações, trocas e reutilização de roupas.
Historiadores dizem que a troca de roupas usadas acontece desde o século passado, quando a população do subúrbio de Paris realizavam as “feiras de trocas”. Atualmente, os jovens têm deixado os preconceitos a respeito dessa prática de lado e demonstrado interesse crescente por comprar em brechós.
Conseguimos muitas dicas para garimpar as melhores peças do brechó para te encorajar.
Para Graziela Muniz a pesquisa é uma ferramenta valiosa para encontrar peças únicas e especiais por um valor bem abaixo da faixa de preço original. Ir a um brechó é um ótimo meio de economizar nas compras, basta garantir que as peças estão em perfeito estado.
“Eu gosto de olhar as etiquetas, ver costura, ver se tem manchas ou rasgos… também pesquiso o local antes pra saber se o preço é superfaturado ou um valor bom.”
Entre as peças garimpadas, Graziela já se apaixonou por duas camisas floridas que por um tempo se tornaram quase que o seu uniforme. A estampa tropical é um clássico atemporal que emite muita personalidade!
Vitória Maillet, que a princípio foi a um brechó procurar um tênis com preço acessível (e encontrou), não resistiu e acabou levando outro item.
“Na primeira vez que fui num brechó achei um corta vento da Adidas por 20 reais, usei até virar pano”
Perguntamos se ela tinha algum segredo para encontrar tantas roupas incríveis e ela compartilhou a razão do seu sucesso.
“Eu acho que depende muito de sorte, como são peças únicas, qualquer pessoa poderia ter pego elas antes de mim. Mas eu tenho umas técnicas também, hehe. Sempre vou direto na arara de casacos primeiro, lá geralmente tão as peças que valem mais a pena. Daí depois vou indo pelo tecido, o que me chama atenção eu já cato. E o segredo é sempre experimentar as peças, porque tem coisa que você não dá nada e no corpo fica perfeito.”
Além de ter trocado algumas roupas suas no brechó recentemente, em 2018 Vitória teve seu próprio brechó no Instagram, onde vendeu metade do meu guarda roupa na época.
Sua peça favorita é essa jaqueta verde escura feita de couro, garimpada esse ano e que combina super com o clima de Santa Catarina. Está na cara que a diva tem um gosto impecável!
Mariana Lucas, que já faz compras em brechó há mais de 10 anos, conhece bem os brechós da sua cidade, Bertioga, e sabe exatamente onde ir para encontrar *aquela* roupa especial que tenha o seu estilo. No entanto, ela não dispensa uma espiadinha no site da Enjoei quando quer algo específico.
Sua família, por sua vez, cultiva uma tradição lindíssima que atravessa gerações e carrega muitas boas memórias, um motivo de orgulho para Mariana.
“Acho que uns 70% do meu armário são roupas que eram da minha avó e da minha mãe. E com certeza são minhas preferidas. Adoro ver fotos delas usando algo que agora adaptei ao meu estilo.”
De fato é uma delícia crescer vendo alguém usando um look e depois poder pegar para você. Nas fotos abaixo vemos Mariana com um outfit composto por uma casaco vermelho que pertencia a sua avó e um vestido floral que antes era da sua mãe. Roupas vintage passam uma vibe incomparável!
No que depender de Mariana a tradição de sua família vai se manter viva.
“Roupas minhas desde criança foram passando pras priminhas. Até hoje, roupa de quando tinha 2 anos, a prima mais nova usa agora.”
Criatividade é a mágica com poder de nos destacar dentre uma multidão de pessoas. Linda de Fátima aposta na originalidade para andar nas ruas de Angatuba, interior de São Paulo.
Atualmente sua roupa queridinha é uma camiseta cropped da sua cor favorita que ela encontrou depois de passar um tempo analisando tudo o que havia no brechó. Mas, Linda não tem medo de dar um toque pessoal no tecido.
“Teve uma calça que eu customizei uma vez, eu amava andar de skate com ela!”
Manter sempre a sua personalidade é mais importante para se vestir bem!
Millena Isabela sempre apoiou brechós e bazares acompanhando a sua avó paterna e acabou cultivando o hábito.
“Eu e minha irmã achamos legal mesmo, porque sempre tem peças divertidas e diferentes, que em uma loja custaria 300 reais e as vezes a gente acha por 10 com etiqueta no bazar, sabe?”
Já com sua avó materna, que é costureira, ela aprendeu que itens antigos podem ser confeccionados e se transformar em um artigo exclusivo.
“Eu sempre pego peças para outras pessoas também. Eu tenho uma irmãzinha de 5 anos e uma de 3, sempre pego vestidos pra elas. Nos bazares tem muita peça antiga e muito tamanho P e PP, e o molde geralmente é bem pequeno, aí minha vó ajusta os vestidos para as meninas, elas adoram!”
Millena não tem uma peça favorita, ela ama todas igualmente, hahaha.